domingo, 23 de agosto de 2009

o mundo mágico de Chagall

O bielo-russo Marc Chagall em seu ateliê, em 1967


Marc Chagall (1887 - 1985) criou seu próprio mundo colorido de mitos e magia, de estranhas criaturas, amantes e animais alados em cenários oníricos.

Num século marcado por uma arte de formalismo e abstração, a pintura de Chagall é única, só comparada em importância e extensa produção à de Pablo Picasso. Suas telas são repletas de símbolos e ligadas à memória, ao mundo dos sonhos e do subconsciente, mostrando as profundas raízes efetivas e culturais do artista.
Influenciado inicialmente pelo cubismo, o artista dialogou com o expressionismo alemão e atraiu a atenção dos surrealistas, passou por todas as vanguardas e não se prendeu a nenhuma.

Chagall (cujo nome verdadeiro era Moshe Segall) nasceu em Vitebsk, Rússia, viveu grande parte da sua vida em Paris - onde ficou amigo dos escritores Blaise Cendrars (autor de quase todos os títulos de suas pinturas) e Apollinaire - e morreu em Saint-Paul de Vence, sul da França, aos 97 anos.


No Brasil, é possível admirar quadros de Chagall nos museus MAC-USP, MASP, FAAP – Museu de Arte Brasileira, em São Paulo; Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro e no MAM, em Salvador.


Moi et le village [Eu e a aldeia],1912



L'anniversaire [Aniversário], 1915



Au desssus de Vitebsk [Sobre Vitebsk], 1915



Paris par la fenêtre [Paris através da janela], 1913



Pharmacie à Vitebsk [Farmácia em Vitebsk], 1914



Le cantique des cantiques I [Cântico dos cânticos I], 1960


Em Belo Horizonte, na Casa Fiat de Cultura, até 4/10, acontece a imperdível exposição O mundo mágico de Chagall - o sonho e a vida, com mais de 300 peças - entre óleos, guaches, aquarelas, esculturas e gravuras. Entre elas estão as três séries completas de As almas mortas - inspiradas no romance de Nikolai Gógol (1809-1852) - A bíblia e Dafne e Cloé. Além disso, figuram lado a lado 28 trabalhos de artistas brasileiros influenciados por Chagall, como Ismael Nery, Cícero Dias, Tomás Santa Rosa e o lituano Brasileiro Lasar Segall. A mostra segue depois para o Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro, mas em versão reduzida.

A literatura sempre foi uma das manifestações mais prezadas por Chagall. Na exposição, o destaque fica para as 23 das 100 gravuras da série Fábulas, inspiradas nos escritos de La Fontaine (1621-1625).

É curioso notar algumas marcações a lápis em pinturas e gravuras, como a dedicatória a Mário de Andrade na gravura Casamento, concluído em 1923, da série Minha vida. Não há evidência de que ambos tenham se conhecido pessoalmente. Mesmo assim, a fama do agitador do modernismo paulista fez merecer a inscrição: "A meu amigo desconhecido, Mário de Andrade".

A exposição, parte dos eventos do Ano da França no Brasil, não vem para São Paulo (que vai receber, em contrapartida, a mostra de Rodin), o que me faz pensar seriamente em visitar BH só para não perder a oportunidade única de ver de perto obras tão raras. A última grande exposição exclusiva de Chagall no Brasil foi em 1957, na 1ª Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. A próxima, só daqui a 50 anos?




MOSTRA
O mundo mágico de Marc Chagall – o sonho e a vida
De 4/8 a 4/11 na Casa Fiat de Cultura – R. Jornalista Djalma Andrade, 1250, Belvedere, Nova Lima (MG).
De 15/11 a 6/12 no Museu Nacional de Belas Artes – Av. Rio Branco, 199, Centro, Rio de Janeiro (RJ)


4 comentários:

Anny disse...

Parabéns pelo texto.
Sempre bom saber mais sobre pintores que gostamos.


*Por falar nisto você viu as pinturas de Kandinsky no blog Jorge Pontual?
Muito lindo...
Até mais!
Anny

Andressa disse...

saudade, viu!!!

tah na hora de atualizar isso aqui!

daniel disse...

"Farmácia..." é lindão de ver.

Anônimo disse...

Sinestesia pura.