quarta-feira, 18 de julho de 2007

na velocidade - terrível - da queda






















São 2h10 e não sei se conseguirei dormir hoje. No meu quarto, a tevê está ligada há várias horas. Ela, que geralmente só tem a função de servir de apoio para livros, de tão ignorada. Mas esta noite não consegui tirar os olhos das imagens do acidente do Airbus da TAM, que se chocou contra o prédio da própria companhia, às 18h50, em São Paulo: uma ironia macabra, diria até.

Escrevo esse texto de chofre, quase como um relato, ainda tomada por um sentimento que é um misto de piedade e revolta pelo que aconteceu. Eu passava pela Av. Washington Luís por volta das 19h15, maldizendo a falta do rádio - não tive ainda tempo para instalar o som no novo carro. Dirigir sem ouvir música ou as últimas notícias pra mim é inconcebível, quase torturante: é como ficar numa sala de espera sem algo para ler.
Faço esse caminho quase todos os dias, de volta do trabalho, neste período de férias da faculdade. Estranhei a passagem de várias ambulâncias: dei passagem a quatro, pelo menos. Vi que algo grave devia ter acontecido. Mais à frente, quase chegando ao aeroporto, com o trânsito todo parado, a pista interditada. Ao longe, podia-se avistar o clarão do fogo. E eu, sem rádio no carro! - pensei novamente.

Segui o fluxo dos carros, meio perdida, sem saber que rumo tomar. Acabei saindo numa rua do supermercado Extra e resolvi entrar, sem nem saber por que. Fui direto ao setor dos aparelhos de tevê e soube por dezenas de telas o que havia acontecido.

Penso agora nas vítimas, nas histórias particulares de cada uma daquelas pessoas, que nos próximos dias preencherão as páginas dos jornais e cada vez mais me convenço de como a vida é frágil. E de como não temos controle algum sobre ela. Sim, eu sei: que clichê. Mas a verdade é que o presente é a única coisa com o que podemos contar.