quarta-feira, 19 de março de 2008

o amanhã


Oito e dez da noite, saída do metrô, escada rolante à frente, uma multidão. Encaro os degraus da escada central, vazia, a perder de vista - e desisto. Estivesse de tênis, ao menos.

O movimento mecânico de subida causa uma sensação de câmera lenta, o tempo quase parado, cenário a passar por mim bem devagar. Um rosto que se aproxima, em sentido contrário, repentinamente familiar. Traços delicados, fones de ouvido, cabelos compridos - presos? Um olhar, fração de segundo - e passa. Não me viro: receio de estar certa. Desejo de voltar, a escada parece acelerar, de novo a multidão, catracas - passo? Lembro dos amigos, o cinema: sempre, sempre atrasada.

Penso então nos deuses a brincar outra vez comigo, devem estar rindo pra valer. E, pela primeira vez, tento enganá-los. Oculto meu sorriso e cruzo a Paulista a passos largos, como se desse modo alcançasse mais rápido o dia de amanhã.

terça-feira, 11 de março de 2008

desculpa esfarrapada

Tenho andado sem tempo pra postar. Sim, você já leu essa frase em muitos blogues, mas a verdade é esta: o cotidiano nos consome.

Enquanto não vem um texto novo - e olhe que fatos e idéias empilham-se no bloco de notas -, você, leitor mais recente, pode desenterrar posts anteriores e, quem sabe, copiar uma receita de moqueca, ler um conto de Raduan Nassar, exercitar seu lado erótico com os fetiches de David Lynch, discordar da relação entre Phillip Roth e Dostoiévski ou apreciar um poema e assistir a vídeos de Leminski no Youtube.

Se você é um leitor antigo e já leu tudo isso, desculpe aí. O texto tá no forno, mas a lenha só chega no fim de semana.