domingo, 7 de outubro de 2007

frisson na música pop


Radiohead, o grupo inglês que lançou em 1997
OK Computer, álbum considerado um dos mais influentes e inovadores da história da música pop - só perdendo para Sgt. Pepper's -, está causando um verdadeiro frisson e deixando seus fãs numa expectativa doentia. Desde 1º de outubro, as comunidades do Orkut da banda no mundo inteiro fervem com comentários e informações sobre o assunto. E na mídia, uma enxurrada de artigos comentam a novidade: Time, NME, Blitz (Portugal), Folha de São Paulo, Estadão, só pra citar alguns. Dos que li, o mais completo foi o da revista Carta Capital :

Carta Capital,
Edição 465 - 05/10/2007

A revolução comercial do Radiohead

por Felipe Marra Mendonça

O que começou com um simples anúncio num blog promete estabelecer um novo paradigma no mercado da música digital

Jonny Greenwood, guitarrista da banda inglesa Radiohead, escreveu na segunda-feira 1º, no blog do grupo, a seguinte mensagem: “Olá a todos. Bem, terminamos o novo disco e ele sai em dez dias. Nós o chamamos de In Rainbows. Um abraço de todos nós”.

O link contido no nome do novo álbum leva para um site (www.inrainbows.com), onde é possível comprá-lo em duas versões, discbox e download. A primeira é física. Os fãs que pagarem cerca de 160 reais vão poder baixar o álbum a partir de 10 de outubro e depois receber uma caixa com a gravação em CD e dois discos de vinil, além de um segundo CD com novas músicas, fotografias, artes e um livro de capa dura.

A segunda, download, é revolucionária nem tanto pelo conteúdo, mas pelo conceito que inaugura. O usuário pode baixar o disco inteiro e pagar o que considerar justo. Se nada pagar, o site cobra uma taxa administrativa pela transação de 1,70 real. A banda chega a esclarecer o conceito para consumidores mais incrédulos: “O preço é com você, de verdade, é o que você quiser”.

Isso acontece num mercado em que as vendas físicas caíram depois da combinação entre a popularização de gravadores de CDs em computadores e a massificação do acesso à internet. Houve uma queda de quase 5%, nos EUA, em 2006. Em contraste, as vendas de música digital aumentaram 65%, com 582 milhões de faixas e mais de 33 milhões de discos vendidos, mais do que o dobro do ano anterior, segundo a Nielsen Soundscan.

O interesse por In Rainbows foi tanto que o site ficou lento e Greenwood, o guitarrista, deixou um recado informando que estava tudo congestionado, “mais movimentado do que eles (os técnicos) esperavam. Então, por favor, tenham paciência conosco, tudo deve ficar normal rapidamente. Sei que pareço um segurança. Fiquem por trás dos cordões de isolamento. Obrigado pela paciência e pelo interesse no disco”.

Ao final do primeiro dia de vendas, mais pessoas tinham comprado a versão física do que a versão virtual, o que indica a fidelidade dos fãs que aguardavam há mais de quatro anos pelo novo lançamento. Um porta-voz da banda disse que a motivação principal era conseguir fazer com que as novas músicas chegassem aos fãs de modo mais rápido do que os três ou seis meses pedidos pelas gravadoras para orquestrar um lançamento comercial.

A imprensa britânica acredita que o Radiohead deve superar o modelo de contrato com gravadoras (tendo terminado o antigo acordo com a EMI) e “estabelecer um valor monetário na apreciação do público pela arte”. E mais: 1º de outubro foi “o dia da morte das gravadoras”.

A banda tinha se recusado a entrar na loja virtual de músicas da Apple, a iTunes Store, por acreditar que a prática de vender faixas quebrava a integridade artística de um álbum inteiro.

Resta agora ver que tipo de reação o lançamento de In Rainbows deve gerar no mundo digital. Se os usuários pagarem um “preço justo” pelo disco, outros artistas talvez se rendam finalmente à música digital, como os Beatles, cujos membros sobreviventes ainda não dispuseram seu catálogo para venda on-line.


Eu comprei o meu download por 1 libra. Achei um preço justo. E vc, quanto se dispõe a pagar?