sexta-feira, 2 de novembro de 2007

fetiches de david lynch


Vida corrida é isso: mais uma que vou perder. Termina amanhã, na Galerie du Passage - que fica na Galerie Véro Dodat, entre as ruas du Bouloy e Croix des Petis Champs, Metro Louvre, à Paris - a exposição de fotografias de David Lynch, Fetish.





Lynch fotografou souliers de Christian Louboutin, top designer de sapatos, alguns criados especialmente para a exposição, em ambientes povoados de sombras, e onde os corpos nus das dançarinas do Crazy Horse, Nouka e Baby, se destacam. As peles perfeitas, muito brancas, os olhos escuros, as bocas vermelhas e brilhantes são ícones da estética de Lynch, assim como os sofás, o ambiente pesado e decadente, presentes também em seus filmes, como no mais conhecido deles, Veludo Azul (Blue Velvet, 1986). Como em todos os seus filmes, na obra plástica de Lynch há sempre um estranhamento, uma sensação de perigo iminente que nos atrai, como num sonho - ou num pesadelo. Ao contrário deles, que nos chocam diretamente e provocam em certas cenas até uma certa dor, as fotografias são tocantes, luminosas. Os sapatos, porém, tocam em algo obscuro dentro de nós, insinuam um convite ao proibido.



Louboutin e Lynch já tiveram uma parceria na fantástica exposição
The air is on fire, na Fundação Cartier, também em Paris, em maio último. Em meio a telas, desenhos, fotografias e filmes experimentais desse cineasta de múltiplas facetas artísticas, destacava-se um sapato de salto altíssimo, encomendado a Louboutin e elevado à categoria de escultura, dentro de uma gaiola. Tudo a ver com o universo da obra cinematográfica de Lynch, feita de códigos e fetiches.




O cineasta americano David Lynch - aqui em uma foto tirada por ele mesmo - dirigiu, entre outros filmes, Veludo Azul, A Estrada Perdida, Twin Peaks, Cidade dos Sonhos e Império dos Sonhos, este último exibido recentemente na 31ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo. Premiado em Cannes, inúmeras vezes indicado ao Oscar e outras premiações importantes do cinema, o diretor recebeu no ano passado um Leão de Ouro no Festival de Veneza pelo conjunto de sua obra cinematográfica.

Não fui assistir Império dos Sonhos, não tive tempo nem paciência para o ritual da compra de ingressos e filas intermináveis. Essa falta pode ainda ser redimida, o filme deve passar em circuito comercial. Já a exposição em Paris... é outra história.

Um comentário:

p edro disse...

Lynch é foda, isso é um fato. Passei uma fase da minha vida imitando-o capilarmente... Mas já passou.