Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Ler certos poemas de Drummond me faz muito mal.
Talvez eu seja muito permeável. Os fluidos me transpassam, se instalam e demoram a se diluir.
O problema é que também estou lendo muito Le Marquis de Sade.