tag:blogger.com,1999:blog-6017363465189604462.post5327040511934516086..comments2023-05-21T07:52:26.134-03:00Comments on na velocidade: a precariedade e a permanênciaMyriam Kazuehttp://www.blogger.com/profile/13042908693988673656noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-6017363465189604462.post-81123101624376244702007-11-18T11:29:00.000-02:002007-11-18T11:29:00.000-02:00My, fico muito agradecido pela dedicatória do post...My, fico muito agradecido pela dedicatória do post a mim!<BR/><BR/>Assim que vi que o poema era do Paulo Henriques Britto, fui correndo para o fim conferir de qual livro foi tirado;"Macau". Quero muito ler "Macau". "Tarde", que comprei recentemente, transformou-se numa leitura diária; fascinante!<BR/><BR/>O trabalho de PHB me surpreende. Veja só como ele, num poema sapiencial, praticamente filosófico, prima pela forma, não deixando de lado aspectos como rima, métrica e etc; eu o vejo como um "arquiteto", algo como João Cabral; cada trecho é pensado, não há palavra colocada por acaso - tudo parece muito bem calculado. Ele usa um recurso que, antes, eu achava ruim, desagradável : o enjabement. Agora, vendo como pode ser usado com maestria, reconsidero minha opinião.<BR/><BR/>O trecho :<BR/><BR/>"Muita louça ainda resta de Pompéia,<BR/>mas lábios que a tocaram, nem um só."<BR/><BR/>me fez notar a figura inicial, a obra da Yoko Ono. Refleti sobre a metade das coisas : um quarto pela metade (seria a outra metade a presença humana do dono do quarto ou de "alguém especial"?), a louça sem os lábios (até que ponto museus nos dão noção do que realmente aconteceu?). Acho que estou tendendo cada vez mais para a idéia de "obra aberta". Umberto Eco diria que a ambiguidade da obra, diferentemente do que costumamos ouvir e ler por aí, é algo positivo, característico do discurso aberto. Essa idéia de abertura está associada - pq não - com a democracia em si; costumam dizer que a arte está sempre à frente dos demais âmbitos sociais, não é mesmo? <BR/><BR/>A obra da Yoko, nesse sentido, assim como a arte que era produzida naquela época (e quando falo disso me vêm à cabeça personagens como Lygia Clark e Helio Oiticica) está comprometida com essa abertura, com essa relatividade da verdade. E é aí que discordo daquela idéia de análise interpretativa com base na linguística, que considera o texto pelo texto; o discurso de quem defende isso sempre me soa um tanto quanto ventriloquismo - a propria voz saindo como se fosse da obra.<BR/><BR/>Ótimo saber que Yoko contestou essa arbitrariedade de uma verdade instutuída, única, convidando o receptor a participar da criaçao, e que PHB, em certa medida, também o fez e faz, com seus poemas questionadores e convidativos à reflexao.<BR/><BR/>Fico por aqui, chega de pedantismo. rs<BR/><BR/>um beijo, Luca!Anderson Lucarezihttps://www.blogger.com/profile/05493379333486488107noreply@blogger.com